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Dia 14 de julho é comemorado pela igreja católica o dia de São Camilo, padroeiro dos hospitais e de todas as pessoas que cuidam dos doentes. Esse ano, nesta data será celebrado também os 400 anos da morte do santo.
Para você conhecer mais sobre os últimos momentos da vida de São Camilo, preparamos este material.

Últimos momentos de vida de São Camilo

A partir do dia 18 de maio, para adequar-se ao costume normal, Camilo se muda para a enfermaria. Os médicos o examinam. Ele evita qualquer embaraço que a sua grave situação possa causar e antecipa o resultado: “Estou velho e vou piorando. Da minha ferida sai tanto líquido que, ao ritmo de uma libra por dia, dentro de um ano seria mais de um barril e meio de secreção... Deus pode fazer milagres, mas eu acho que não devo me curar...”. Uma infinidade de religiosos, de todas as ordens, passam diante de seu leito. Ao padre Ferdinando di Santa Maria, superior-geral dos Carmelitas Descalços, faz um pedido: “Padre, reze por mim e incentive outros a fazê-lo, para que eu possa viver bem este último passo da morte. E isso eu lhe suplico de joelhos, pois fui um grande pecador, jogador, homem de má vida...”. A um noviço, que um dia depois professaria os votos, recomenda: “Irmão, quando professar e oferecer este ato a Deus, não esqueça de rezar por mim, que sou um miserável pecador. Reze por este monstro cheio de defeitos e sem espírito. Reze para que o Senhor me conceda a graça da salvação”. Quem o havia visto entrar na enfermaria, sustentado por dois companheiros, ficou impressionado: “...Ele estava tão curvo que a sua cabeça quase tocava nos joelhos”. “Na enfermaria, podia ouvir missa todas as manhãs e cumpri pontualmente as práticas da regra. Até quando teve forças, procurou rezar o breviário com a ajuda de um companheiro e, quando já não o conseguia, solicitava que algum de seus sacerdotes fizesse a caridade de recitá-lo em sua presença” (M. Vanti).

Recebe o Viático solenemente, das mãos do cardeal Ginnasi, no dia 2 de julho. Após o “Domine non sum dignus”, acrescenta: “Senhor, eu confesso não ter feito nada de bom, e de ser um miserável pecador, por isso não me resta mais que a esperança na vossa misericórdia...”. Depois, recomenda ao confessor não deixar mais entrar nenhum estranho, porque quer se preparar em paz para morrer. Ao padre Marcelo, que insiste para que receba algumas autoridades, lhe responde:

– “Peça desculpas por mim a estes senhores, eu já recebi os santos óleos e desejo me retirar um pouco dentro de mim mesmo”.
– “Mas padre, estes senhores vêm para o consolo de suas almas”.
– “Padre Marcelo, se morre só uma vez, e eu devo procurar morrer bem; assim espero fazer com a ajuda do meu Senhor”.

No domingo (13 de julho), exige que o “Testamento Espiritual” seja ligado a seu corpo, depois de sua morte, e deixado na sepultura. Pede que o leiam em voz alta. É a despedida solene do próprio corpo na véspera da morte. Ao entardecer, anuncia: “Esta é a última noite”. Na alvorada do dia 14 de julho, festa de são Boaventura, está ansioso para assistir à missa. “Será a última que ouvirei”. No “memento dos vivos”, com a pouca voz que lhe resta, diz: “Irmãos, me ajudem. Ainda é tempo: rezem, rezem, para que o Senhor me salve”. Deseja que se vá a alguns mosteiros por ele indicados para pedir orações. De vez em quando, suspira: “Que dia tão longo...”. Agradece ao médico e diz: “Outro médico me espera! Estou esperando o chamado do Senhor”. Depois de haver tranquilizado os irmãos, e de tê-los plenificado com tanto fervor, imerge em um profundo silêncio; em seguida, retornando, diz: “Padres e meus irmãos, eu peço misericórdia a Deus e perdão ao padre-geral aqui presente, assim como a todos por cada mal exemplo que posso haver dado, garanto que nada foi proposital, foi mais por não saber do que por má vontade. Enfim, com a permissão de Deus, como vosso pai, no nome da Santíssima Trindade e da beatíssima Virgem Maria, abençôo a todos aqui presentes e aos ausentes, como também aos que virão”. Todos o abraçam, reprimindo fortemente os soluços. Camilo não para de rezar e, além da avemaria da noite, também recita o ângelus. Oferecem-lhe um caldo, que recusa, desculpando-se: “Esperem ainda uns 15 minutos, depois me revigorarei...”. São suas últimas palavras após entrar em agonia. Todos comparecem para a “recomendação”. Diante da invocação “O Senhor lhe conceda a graça de contemplar a sua face...”, Camilo se ilumina por um instante e une o último sorriso ao último respiro. Ele conhece há muito tempo aquela face!

São 21:30, do dia 14 de julho de 1614