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No dia 9 de dezembro a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) atualizou, em 9/12/20, suas recomendações sobre a covid-19. Por tratar-se de uma doença nova, é esperado que mudanças e atualizações ocorram: a ciência é dinâmica e a cada dia se descobre novidades acerca do comportamento do Sars-CoV-2, o vírus causador da covid-19, e da própria doença.

A SBI é uma das entidades médicas mais respeitadas, e conta com profissionais cujo trabalho é reconhecido no Brasil e no exterior.

As recomendações foram divididas em tópicos.

Sintomas mais frequentes da covid-19:

Febre;

Tosse;

Dor de garganta;

Dor “tipo sinusite”;

Náuseas;

Perda de apetite;

Perda ou alteração do olfato e/ou do paladar;

Cansaço;

Dores musculares;

Dor torácica;

Falta de ar.

Alguns pacientes têm sintomas gastrointestinais como náusea, “dor de estômago” ou diarreia.

No atual momento da pandemia, todo paciente com sintomas gripais deve ficar imediatamente em isolamento respiratório (ver abaixo) e procurar atendimento médico.

EVOLUÇÃO DOS PACIENTES

A maioria dos pacientes com covid-19, especialmente os com menos de 50 anos e sem comorbidades (doenças crônicas pré-existentes) evolui bem, sem complicações. Os principais fatores de risco para covid-19 grave são:

Ter 60 anos ou mais;

Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC);

Doença cardiovascular (insuficiência cardíaca, doença coronariana, cardiomiopatia);

Diabetes tipo 2;

Obesidade (IMC de 30 ou mais);

Doença renal crônica;

Imunocomprometidos (receptores de transplantes de órgãos, pessoas que vivem com HIV e têm contagem de linfócitos T CD4+ baixa, indivíduos com câncer);

Anemia falciforme.

Esses pacientes devem ser acompanhados com avaliação de sintomas, temperatura e oxigenação (com oxometria digital).

Alguns pacientes ainda estão sendo estudados para inclui-los ou não nos grupos de risco para covid-19 grave. São eles:

Gestantes;

Asma moderada e grave;

Doenças cerebrovasculares;

Fibrose cística;

Hipertensão arterial;

Tabagismo;

Diabetes tipo 1;

Demência;

Doenças hepáticas;

Outros estados de imunosupressão.

SOBRE O TRATAMENTO PRECOCE NOS PRIMEIROS DIAS DE SINTOMAS

A SBI não recomenda tratamento farmacológico precoce para covid-19 com nenhum medicamento (cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, nitazoxanida, corticoide, zinco, vitaminas, anticoagulante, ozônio por via retal, dióxido de cloro) porque os estudos clínicos randomizados com grupo controle existentes até o momento não mostraram benefício. Além disso, alguns destes medicamentos podem causar efeitos colaterais. Não existe comprovação científica de que esses medicamentos sejam eficazes contra a covid-19.

A IMPORTÂNCIA DE DETECTAR HIPÓXIA, INCLUINDO HIPÓXIA SILENCIOSA

Pacientes que evoluem com pneumonia grave, com falta de oxigênio no sangue e nos órgãos (hipóxia) necessitam de internação hospitalar. A maioria desses pacientes tem mais de 60 anos e/ou doenças crônicas como diabetes, insuficiência cardíaca, enfisema pulmonar, imunussupressão, insuficiência renal crônica e obesidade.

É fundamental detectar o primeiro sinal de hipóxia por meio da oximetria digital (oxímetro de dedo), pois muitos pacientes têm hipóxia sem sentir falta de ar (hipóxia silenciosa).

Pacientes com risco de covid-19 grave devem verificar a oximetria digital diariamente.

A pneumonia com hipóxia (oximetria digital com saturação de oxigênio menor que 95%) geralmente ocorre ao redor do 7º dia de sintomas (entre o 5º e o 9º dia) na maioria dos pacientes. Ao se detectar a pneumonia com hipóxia (em geral, quando o comprometimento pulmonar é igual ou superior a 50%) , o tratamento hospitalar com oxigenioterapia, dexametasona (corticoide) e heparina (anticoagulante) profilático fará com que a maioria dos pacientes evolua bem e sem a necessidade de ventilação mecânica (respirador) em UTI.

ISOLAMENTO RESPIRATÓRIO

Todos os pacientes com suspeita clínica de covid-19 e os com doença confirmada (exame RT-PCR de nasofaringe positivo) devem ficar 10 dias em isolamento respiratório familiar, isto é, devem ficar preferencialmente sozinhos no quarto, afastados de familiares e amigos.

Pacientes com covid-19 grave, que são os que se internam em UTIs e/ou os imunossuprimidos poderão ter a duração do isolamento respiratório prolongado por até 20 dias, analisando-se cada caso isoladamente.

Nenhum exame está indicado para alta do isolamento ou volta ao trabalho, nem RT-PCR nem sorologia. Deve-se contar 10 dias de isolamento desde que sem febre nas últimas 24 horas, a partir do primeiro dia de sintomas.

PODE OCORRER REINFECÇÃO?

A reinfecção ou segunda infecção parece ser incomum. A maioria das pessoas que teve infecção assintomática ou a doença covid-19 provavelmente estará imune por, pelo menos, 3 a 5 meses. Estudos em andamento e estudos futuros responderão por quanto tempo o paciente ficará imune com mais precisão.

MEDIDAS DE PREVENÇÃO

As seis “regras de ouro”da prevenção da covid-19 devem ser praticadas todo dia, o dia todo, e diminuem MUITO o risco de alguém ser infectado. São elas:

Usar máscara;

Manter o distanciamento físico de 1,5 metro;

Fazer a higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool gel a 70%;

o participar de aglomerações, como reuniões, festas de confraternização em bares e restaurantes;

Manter ambientes ventilados/arejados;

Manter o paciente com sintomas de “resfriado ou gripe” em isolamento respiratório, pois ele pode ter covid-19.

Com informações: www.drauziovarella.uol.com.br