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Nos últimos meses, o Brasil tem registrado um crescimento nos casos de infecções causadas por adenovírus, especialmente entre crianças em idade escolar e menores de 5 anos. Em várias regiões, surtos de conjuntivite viral, infecções respiratórias e gastrointestinais estão associados a esse aumento. Por exemplo, no estado do Espírito Santo, foram registrados 1.284 casos entre janeiro e abril de 2025 vinculados a adenovírus.

Embora não exista um número nacional consolidado específico apenas para adenovírus isolado, o panorama de infecções virais respiratórias que incluem adenovírus mostra que entre as hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em 2024 foram notificadas 169.711 hospitalizações, com 48 % identificadas viralmente, o que sugere aumento da detecção de vírus como adenovírus.

O adenovírus é uma família de vírus que pode afetar diferentes sistemas do corpo, como o trato respiratório, os olhos, o intestino e o trato urinário.  Ele é transmitido principalmente por contato direto com secreções (tosse, espirro), fezes ou superfícies contaminadas e ainda pela água em ambientes inadequadamente tratados.

Os sintomas variam conforme o tipo de infecção e o organismo afetado:
• No trato respiratório: febre, tosse, coriza, dor de garganta, sensação de resfriado comum.
• Nos olhos: conjuntivite viral com olhos vermelhos, lacrimejantes, secreção ou sensação de areia. 
• No sistema digestivo: diarreia, dor abdominal, vômitos, especialmente em crianças. 
• Em pessoas imunocomprometidas ou com doenças crônicas, pode haver complicações mais graves, como pneumonia ou infecções sistêmicas. 
Fique atento: se houver febre persistente, dor intensa, dificuldade para respirar ou desidratação, procure atendimento médico.

O diagnóstico normalmente é clínico, baseado na observação dos sinais, sintomas e contexto (como ambiente de convívio intenso e surtos). Em casos selecionados, exames laboratoriais de secreção nasal, ocular, fezes ou sangue, podem ser realizados para confirmar a infecção por adenovírus.  Em muitos casos leves, não há necessidade de exames adicionais, pois a infecção se resolve espontaneamente.

Não há antiviral de rotina para adenovírus na população geral. O tratamento é de suporte e inclui:
• Hidratação adequada;
• Repouso;
• Medicamentos para alívio da febre e da dor, conforme orientação médica;
• Em casos graves ou hospitalizados, cuidados de suporte como oxigenação, fluidos intravenosos, monitoramento. 
Antibióticos não são indicados, salvo se haver infecção bacteriana associada.

Sem vacina disponível para amplo uso, as principais medidas de prevenção são comportamentais e ambientais:
• Lavar as mãos corretamente com água e sabão, especialmente após contato com secreções ou superfícies compartilhadas; 
• Evitar tocar olhos, nariz ou boca sem higienização das mãos;
• Não compartilhar objetos pessoais (copos, toalhas, brinquedos) quando houver suspeita de infecção;
• Manter ambientes ventilados e limpos; em piscinas, garantir tratamento adequado para evitar contaminação viral por água. 
• Se uma criança ou pessoa adoecer, afastar-se de ambientes coletivos até melhora para reduzir a propagação.

O aumento dos casos de adenovírus destaca a necessidade de vigilância reforçada, especialmente em ambientes de alta convivência infantil como creches, escolas e instituições. A circulação viral intensificada, possivelmente em decorrência de menos exposição a vírus durante os períodos de isolamento e menor imunidade coletiva, pode estar favorecendo esses surtos. 
Mesmo que a maioria dos casos seja leve, pessoas com condições de saúde mais frágeis requerem atenção especial.

O cenário atual exige atenção: os casos de adenovírus estão em ascensão no Brasil, e embora muitas infecções sejam leves, a identificação precoce e as medidas de prevenção fazem a diferença. Manter boas práticas de higiene, observar sinais de alerta e buscar avaliação médica quando necessário são os melhores caminhos para controlar esse aumento e proteger a saúde de todos.