Roberto Anders Godtfredsen (20 anos de anestesia), anestesista do Hospital Dr. Cândido Junqueira fala sobre os tipos de anestesia, suas indicações, reações durante o pós operatório e ressalta que atualmente as anestesias durante os procedimentos cirúrgicos são mais seguras devido a tecnologia.

Quais são os tipos de anestesia? 
Nós temos, os bloqueios periféricos, os bloqueios espinhais, a anestesia local e a anestesia geral. Também se usa com muita freqüência a sedação.

Em quais casos a anestesia geral é mais indicada?
A anestesia geral é uma anestesia que permite uma intervenção mais agressiva em qualquer nível do corpo humano, desde a região cefálica até a região dos membros inferiores. Ela é uma anestesia que permite um relaxamento muscular importante no qual eventualmente o bloqueio espinhal possa não dar. Ela é muito usada em procedimentos cirúrgicos abdominais, de vesícula, vídeo laboroscópicas, em procedimentos em pacientes que perderam muito sangue, politraumatizados. Crianças também é uma indicação precisa da anestesia geral.

E a sedação, é um procedimento mais simples?
Na grande maioria das vezes. È um procedimento em que o colega cirurgião faz a anestesia local e antes um pouco dessa anestesia, a gente já induz essa sedação que faz com que o paciente suporte com mais facilidade o procedimento cirúrgico. A sedação não tira a dor mais alivia a angustia do momento.

A sedação pode ser utilizada em procedimentos cirúrgicos mais complexos?
É usada nesses casos somente como pré anestésico. A sedação vem uma hora antes de o paciente entrar no Centro Cirúrgico. È dado um remédio via oral potente que causa sonolência e às vezes hipnose e o mais importante, causa amnésia, o paciente não se lembra dos momentos inicias do procedimento.

Existe algum exame que pode ser feito para saber se o paciente pode ou não pode tomar anestesia?
Na realidade não existe um exame preciso que dê esse diagnostico. O que existe é um exame clínico e uma anamnese bem feita. È necessário colher o máximo de dados sobre o paciente, sobre sua história familiar e sua própria história. Tendências de complicação, se o paciente tem algum problema respiratório, cardíaco, neuromuscular, que possivelmente pode agravar no ato anestésico ou no pós operatório.

Eu posso sentir alguma coisa no pós operatório por conta da anestesia?
Normalmente a anestesia geral é muito comum o paciente sentir mais dor no pós operatório do que na anestesia espinhal.
A anestesia espinhal a gente tem a grande vantagem de fazer junto ao anestésico local um analgésico narcótico potente, que é a morfina, isso causa uma analgesia pós operatória de pelo menos 12 horas.
Já a anestesia geral, se o procedimento for muito doloroso, eu tomo o cuidado de fazer primeiro uma analgesia espinhal, eu só introduzo o analgésico narcótico e a seguir eu entro com a anestesia geral.

Qual orientação que você deixa para os pacientes que tomarão anestesia para a realização de um procedimento cirúrgico?
O medo é um instinto de defesa do ser humano. A partir do momento que você entrega a sua vida nas mãos de uma pessoa é natural você sentir medo e insegurança.
Agora a minha dica é a seguinte se não existe alternativa a não ser a cirurgia, você tem que se entregar confiar no profissional. Se a instituição for séria certamente o profissional será sério, se a instituição não for séria é melhor não entrar nessa mesma.
Anestesia como toda especialidade médica é de muita responsabilidade, nós lidamos com a vida, e no momento em que a vida está muito frágil. Hoje a anestesia é muito segura, a gente tem tecnologia que torna os procedimentos cirúrgicos mais seguros, que é mais um motivo para o paciente ter mais confiança.