A Injúria ou Insuficiência Renal Aguda (IRA) acontece quando existe uma agressão súbita aos rins, causando uma redução transitória do seu funcionamento. Após afastar o fator agressor, pode haver recuperação completa ou parcial da função renal ou até mesmo não recuperar.
Enquanto na Doença Renal Crônica a lesão progride de maneira lenta e irreversível, na IRA ela se instala rapidamente e há chances de ser revertida, sem o paciente precisar de hemodiálise.
Caso ocorra uma agressão grave e persistente aos rins, a recuperação pode não ser completa. Então, o paciente que inicialmente apresentava uma IRA, pode passar a ter uma Doença Renal Crônica.
Quando ocorre uma lesão grave aos rins, a filtração do sangue pode ficar tão comprometida a ponto de ser necessária hemodiálise de urgência. Felizmente isso não acontece em todos os pacientes com IRA.
Pacientes idosos ou que já apresentam alguma doença renal prévia estão mais predispostos a desenvolver IRA. Os rins também “envelhecem” com o passar dos anos, portanto, pessoas idosas já apresentam uma função renal reduzida mesmo que não tenham nenhuma doença renal.
A IRA é uma complicação muito frequente em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), contribuindo significativamente para o aumento da mortalidade nesse grupo de pacientes.
Idealmente, todos os pacientes com IRA devem ser acompanhados por um nefrologista, que poderá identificar e afastar os fatores agressores para que seja interrompido o processo de lesão renal.
Quanto maior for a demora para se interromper a agressão, maiores são as chances dos rins ficarem com sequelas e o paciente evoluir para uma Doença Renal Crônica.
Descubra o que pode causar uma Injúria Renal Aguda
Inúmeros são os fatores que podem causar uma Injúria Renal Aguda (IRA), citaremos aqui os mais relevantes:
Desidratação: provocada geralmente por diarréia e vômitos intensos ou por abuso de diuréticos.
Choque circulatório: queda da pressão arterial gerando uma baixa irrigação de sangue nos tecidos do corpo, inclusive os rins. É provocado geralmente por uma infecção muito grave e generalizada (sepse) ou por uma perda importante de líquidos, como nas hemorragias.
Sepse: uma das principais causas de IRA em UTI ocorre quando o paciente apresenta uma infecção grave em alguma parte do corpo e as bactérias atingem a corrente sanguínea, podendo causar ou não um choque circulatório.
Obstrução do canal urinário: provocada por cálculos, tumores ou pelo crescimento da próstata. Caso não seja realizada uma desobstrução rápida, a função renal pode piorar rapidamente, muitas vezes necessitando até de hemodiálise.
Glomerulonefrite Aguda: muitas nefrites são diagnosticadas após o paciente ter apresentado um quadro de IRA. A confirmação diagnóstica deve ser feita rapidamente através de uma biópsia renal, para que o tratamento específico seja iniciado o quanto antes. Muitas vezes a biópsia renal não está disponível, nestes casos opta-se por tratar o paciente mesmo sem a biópsia pela gravidade do quadro.
Cirrose Hepática: o paciente cirrótico apresenta uma dilatação nos vasos sanguíneos do abdome, o que pode provocar uma baixa irrigação de sangue nos rins.
Insuficiência cardíaca descompensada: o coração é a bomba de sangue do corpo, quando o paciente apresenta uma insuficiência cardíaca descompensada ocorre um baixo débito de sangue para todos os órgãos, inclusive os rins.
Reconheça os sintomas de uma Injúria Renal Aguda
Se o paciente possui um bom funcionamento renal, é comum não apresentar sintomas diante de uma Injúria Renal Aguda (IRA) leve ou moderada.
Por outro lado, se a injúria for grave ou se o paciente já tiver um rim com Doença Renal Crônica avançada, poderá apresentar sintomas como mal estar, vômitos, aumento da pressão e falta de ar.
Como diagnosticar uma Injúria Renal Aguda?
Como a Injúria Renal Aguda (IRA) pode não causar sintomas, a realização de exames laboratoriais e de imagem é muito importante para seu diagnóstico e para investigação dos possíveis fatores agressores.
Consideramos que um paciente apresenta uma IRA quando sua creatinina aumenta mais do que 0,3 mg/dL em 48 horas ou quando ocorre uma elevação da creatinina acima de 50% num período de 7 dias.
Em todo paciente com IRA deve-se sempre tentar identificar o fator agressor e afastá-lo o mais rápido possível para prevenir que ocorram mais lesões.